fanzines de banda desenhada

terça-feira, janeiro 24, 2006

Aquinocanto

Este exemplar foi lançado em Lisboa, a 14 de Janeiro. Trata-se de um número especial dedicado ao boxe.
Manuel Brito e João Rubim são os editautores, isto é, são eles os autores e, simultaneamente, os editores.

A capa que aqui se reproduz, muito boa, é de João Rubim. Mas como se fora um bicéfalo, o fanzine apresenta, neste mesmo número, outra capa, essa de Manuel Brito.

Folha Volante - nº 143 - Jan. 06

Mais um slimzine, ou seja, um fanzine esguio como o pode ser uma única folha de papel. Neste fanzine, o seu editor pirateia textos e bandas desenhadas, uns e outras que aparecem em jornais ou revistas que nada têm a ver com BD. Neste caso, a banda desenhada tem duas pranchas, foi publicada originalmente na revista "Gaiola Aberta", tendo por autor o bem conhecido e prestigiado José Vilhena.

No que se refere à transposição para o fanzine Folha Volante, a bd aparece reproduzida na frente e no verso.

Este fanzine é grátis, distribuído na Tertúlia BD de Lisboa, que se realiza mensalmente no Parque Mayer.

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Tertúlia BDzine - nº 98

A começar este ano de graça (esperemos que sim) de 2006, logo no dia 3 de Janeiro, foi distribuído (gratuitamente, frise-se) o nº 98 deste fanzine "slimzine" - é de facto muito fininho, tem apenas quatro páginas, embora de formato A4. E só a preto e branco, está claro, porque é para oferecer, e o editor não é rico :-(

Como acontece normalmente, é apenas um autor que é publicado. Neste caso foi José Lopes, com uma banda desenhada totalmente sem palavras, intitulada A Queda.

Já editei coisas melhores feitas por José Lopes, noutros fanzines, e até mesmo no Tertúlia BDzine. De qualquer forma, vale a pena ver e tentar compreender a cena.

Este fanzine só está acessível, até ver, aos participantes na Tertúlia BD de Lisboa. Mas há anos que tenho a ideia de encadernar os primeiros cinquenta números e pôr dois ou três volumes à venda. Sei que há interessados.

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segunda-feira, janeiro 23, 2006

Português em mau estado nos Fanzines - "Uma"(?) fanzine



Neste texto, inserido no "Aquinocanto", deveria estar escrito "e um novo fanzine vai aparecer"
Já tem sido escrito, com frequência, por estudiosos dos fanzines - nos quais me incluo, permito-me dizer - que o neologismo "fanzine", nascido nos Estados Unidos (o conhecido Frederic Wertham, no seu livro "The World of Fanzines", indica o ano de 1930 para o "Comet", iniciador do movimento) e absorvido na Europa nos anos mil novecentos e sessenta, sob o género masculino pelo facto de, na génese do vocábulo, estar o objecto literário, com imagens, o magazine, também popularizado em Portugal nessa época.

Fanzine, neologismo, mas já com verbete em dicionário (pela primeira vez, na 8ª edição da Porto Editora), é formado pela contracção da palavra fan (fã, em português) e a última sílaba de magazine.

Logo, um fanzine é um magazine (ou revista, são sinónimos) feito, editado, por fãs de quaisquer temas, sendo a Banda Desenhada um dos mais frequentes.

Capa do fanzine "Aquinocanto", da autoria de João Rubim. O fanzine apresenta duas capas diferentes, sendo a outra desenhada por Manuel Brito
É o que acontece com os faneditores Manuel Brito e João Rubim, que editaram três números do fanzine "Aqui no Canto", e mais este agora, especial.
Note-se que em Espanha se diz "el fanzine" (em castelhano) e "o fanzine" (em galego)
Capa de "O Fanzine das Xornadas", editado aquando da realização das "VIII Xornadas de Banda Deseñada de Ourense" (na Galiza). Este fanzine espanhol é coordenado por Henrique Torreiro, "co patrocínio da Casa da Xuventude de Ourense, Concelleria da Cultura do Concello de Ourense e Dirección Xeral de Política Lingüística da Xunta de Galicia"

tal como acontece em França, visível no excerto de uma crítica extraída da revista "Vécu"

ou no Brasil, como se pode ver na imagem seguinte
Livro da autoria do estudioso brasileiro Henrique Magalhães
Custa-me dizer isto - sou português... - mas nós, que somos o país europeu com maior índice de analfabetismo, e com elevada percentagem de iliteracia, tínhamos de ser nós a criar esse absurdo linguístico que é mudar o género a um substantivo.

E o que é pior: quando pergunto a algum desses fanzinistas recentes, que dizem "a minha fanzine", por que motivo não dizem "o meu fanzine", respondem-me que é por ser uma revista, e como revista é uma palavra feminina...

E eu costumo objectar: então, como um pinheiro é uma árvore, temos de passar a dizer "uma pinheiro"?!
Uma engraçada tira de banda desenhada do brasileiro Laerte (in Diário de Notícias, 5 Jan. 2006)

Um universitário da Escola Superior de Design-ESAD, nas Caldas da Rainha - cidade onde há um buliçoso movimento fanzinístico -, reagindo à minha habitual discordância no uso do feminino para o fanzine dele, ripostou, com aquilo que começa a ser um chavão - já não é a primeira vez que oiço justificar asneiras com aquela frase -, "a língua portuguesa está sempre a modificar-se".

Eu sei isso,sou um estudioso da matéria. A componente mais visível dessa modificação é a constante absorção de vocábulos estrangeiros, aportuguesando-os por vezes, criando-se assim neologismos - bloguer ou bloguista, blogosfera, por exemplo.

Mas não há memória de, na língua portuguesa, ter havido mudança de género em algum substantivo. Estou a referir-me a mudanças correctas.

Porque, por iliteracia ou pura ignorância, há quem mude o género da palavra grama (peso). O ano passado, uma funcionária dos correios, aqui em Lisboa, disse-me que a minha carta - com um fanzine dentro - pesava "vinte e duas gramas". Eu perguntei-lhe
se ela também diria, para uma encomenda pesada, "vinte e duas quilogramas"...